A Diversidade Humana e Suas Implicações Sociais

Como lidar com diferentes tipos de comportamento humano em sociedade? Em seu artigo, Norberto Chadad, presidente da Thomas Case, destaca a diversidade e a complexidade das pessoas, enfatizando que cada indivíduo é único em sua maneira de ser e agir. Além disso, ele argumenta que, ao interagir em sociedade, formamos grupos com aqueles cujas ideias e comportamentos se assemelham aos nossos, mas também podemos nos distanciar ou até mesmo entrar em conflito com aqueles que são diferentes. Confira!

Nós costumamos usar bastante essa ideia. Mas, para começo de conversa, essa frase, em si, não faz sentido. Isso porque não há dois seres humanos iguais – nem mesmo os gêmeos. Todas as pessoas são diferentes umas das outras. Portanto, em sociedade, convivemos desde que nascemos com pessoas diferentes. E não estamos falando de aparências, mas sim de atitudes, comportamentos, reações, maneiras de enfrentar situações felizes ou trágicas, e de manifestar contentamento ou desacordo. Quando as ideias e maneiras de agir são parecidas com as nossas (parecidas, mas nunca totalmente iguais), há uma grande possibilidade de começarmos a formar grupos. O inverso também é verdadeiro, e os grupos se afastam ou, pior, se tornam inimigos.

[Todas as pessoas são diferentes umas das outras, o que molda nossas
interações sociais e perspectivas de mundo.]

De quem é a culpa do afastamento? Depende. Mas, em geral, o maior responsável é quem está numa posição de relativo poder. Vamos usar o exemplo de quem está em busca de um novo emprego. Ou de trocar de emprego. Ou de obter qualquer emprego. Essa pessoa pode estar submetida a diversos tipos de condições psicológicas e comportamentais. Desanimada. Sem motivação. Sem energia. Pode ter passado por várias recusas e rejeições. Está descrente dos sistemas de RH das empresas contratantes, que em geral apenas informam que o candidato foi recusado, mas não explicam por que não optaram por ele. Às vezes sequer dão retorno.

Como lidar com uma pessoa nesse estado emocional? Em primeiro lugar, acolha. Acolher significa ouvir, tentar compreender o sentimento dela. Não julgue nem compare – “é que havia outras pessoas mais qualificadas”. E, principalmente, evite usar a palavra não. Isso porque essa pessoa precisa de otimismo, de esperança, de fé em si mesma.

[Acolher e compreender as emoções das pessoas em momentos difíceis
é fundamental para oferecer apoio e esperança.]

Outra pessoa também pode se apresentar com arrogância. Muitas vezes é a capa, a proteção que ela usa para esconder os seus próprios fracassos, as suas insuficiências. Mas a atitude incomoda, e o maior risco é de, em vez de ajudar essa pessoa, a gente acabar entrando em confronto com ela e iniciar uma disputa. Evite isso. A arrogância dessa pessoa não é com você – é com o mundo inteiro, que não lhe deu o que achava que fosse dela de direito, porque se acha melhor que todos. Portanto, não leve para o lado pessoal.

Mas você pode utilizar uma ou duas artimanhas para desarmar o arrogante: deixe-o esperando por mais tempo do que o necessário (isso fará com que comece a pensar que não é tão importante assim), e ignore as tentativas dela de chamar a sua atenção (como erguer a voz, apontar o dedo para você). Trate com empatia e dê bons exemplos sobre você mesmo, de modo que ela passe a respeitar você e o seu trabalho.

Algumas pessoas podem parecer desesperadas. Essas estão muito mais suscetíveis e estão procurando uma real ajuda. Primeiro, você precisa ouvir e, quando comentar, fazer ver a essa pessoa que as situações são mais leves do que podem parecer a ela. Mas nunca menospreze a tristeza, a ansiedade ou irritação dela. Não ria das situações nem da forma como a pessoa se apresenta. Mantenha a calma, a voz baixa, o equilíbrio. Aos poucos, a pessoa vai reduzir a sensação de desespero. Tente buscar informações que sustentem o otimismo – é disso que ela precisa.

[O cuidado e a compreensão são essenciais ao lidar com pessoas
que estão em estados emocionais delicados.]

Enfim, há um tipo mais difícil, que é o perseguido. Ele acha que não consegue nada porque é negro, ou porque é gay, ou porque é velho, ou porque é gordo, ou porque é feio, ou porque é de esquerda ou porque é de direita. Para lidar com pessoas assim, é preciso manter a calma, ouvir com paciência e jamais incentivar conflitos. Se ela se queixar de uma empresa que a tratou com desdém, não criminalize a empresa, mas mostre que certamente foi erro de quem a atendeu e que não estava preparado para a função. Se tiver bons exemplos de bom atendimento dessa mesma empresa para com candidatos, relate.

O perseguido está carente, precisa de apoio e de esperança. Está a um passo de desenvolver a mania de perseguição, que é um desvio patológico e que precisa de tratamento. Cada pessoa é diferente da outra. Pense nisso.   



Norberto Chadad, presidente da Thomas Case, é Engenheiro Metalúrgico formado pelo Mackenzie, Economista pela FGV e Doutor em Alumínio pela Escola Politécnica da USP.

Últimas notícias