O mercado de trabalho e os profissionais do terceiro milênio

Como a automação e a tecnologia afetaram diferentes setores, resultando no desaparecimento de algumas profissões e na necessidade de novas qualificações? Em seu artigo, o psicólogo e gerente de transição de carreira da Thomas Case, Luiz Scistowski, destaca que, apesar dos desafios, existem oportunidades para profissões ligadas à tecnologia e ao conhecimento, desde que os profissionais estejam preparados para atender às demandas do mercado moderno. Confira!

O ano de 2025 serviu como fonte de inspiração para vários escritores e cineastas, que retrataram a época através de um cenário futurista e repleto de inovações tecnológicas. Bem, já não é mais preciso ir ao cinema para apreciar o tão esperado século XXI. Ele agora faz parte do nosso cotidiano.

É claro que a fantasia não conseguiu prever fielmente a realidade. Mas, temos que admitir, o mundo já não é mais o mesmo. O terceiro milênio vem sendo marcado por significativas transformações que nos lançaram em uma nova era cheia de perspectivas e, também, de interrogações.

As últimas décadas foram marcadas por uma série de mudanças extraordinárias que atingiram a maior parte dos campos de nossas vidas. Uma imersão de pesquisas e descobertas científicas desencadearam um movimento incessante de desenvolvimentos tecnológicos e uma alteração profunda e de alcance global nas configurações sociais e econômicas.

Em meio a tudo isso, emergiu uma nova fase na História da Humanidade: a era da informação. Uma vez em que o planeta se encontra totalmente conectado através de sofisticados sistemas de comunicação, interagindo em um movimento crescente e ininterrupto de produção de conhecimento.

Mas e quanto ao mercado, o que de fato mudou?

O mercado de trabalho nunca foi muito constante. Pelo contrário, a única coisa que podemos considerar como constante é o fato de estar em processo contínuo de transformação.

Porém, esse movimento vem se intensificando ainda mais. Muitos segmentos atravessam uma crise forte e impiedosa. As organizações precisam acompanhar, ou melhor, se adaptar às novas tendências para se manterem vivas e competitivas. E assim, temos as famosas fusões, as reestruturações dos sistemas produtivos e gerenciais, os grandes enxugamentos etc., etc.

Como consequência disso tudo, profissões e áreas de trabalho de todos os tipos vêm passando por profunda reformulação. Tornou-se difícil apontar para um setor que não esteja sendo afetado.

Algumas funções simplesmente desapareceram devido ao surgimento das tecnologias. A automação e o controle dos negócios on-line, por exemplo, pulverizaram centenas de cargos administrativos e de mão de obra repetitiva. Em contrapartida, surgem outras funções que exigem novas qualificações.

Contudo, ao nosso redor, infelizmente, encontra-se a dura realidade. Uma enorme quantidade de profissionais já não se enquadra mais nas exigências necessárias para fazer parte das empresas e do mercado de trabalho moderno. E isso se agrava ainda mais nos países menos desenvolvidos, cuja educação e o conhecimento não são prioritários, ou não são oferecidos com a qualidade necessária.

E como manter a empregabilidade na era da informação?

Em primeiro lugar, é importante destacar que quando ocorrem alterações na relação capital-trabalho, sempre existem profissões que vão sofrer as consequências da crise.

Na era da revolução industrial, por exemplo, a fabricação mecanizada causou os mesmos sintomas e efeitos sociais que a revolução do conhecimento vem nos causando na atualidade. Durante esta passagem histórica marcante, o desemprego e o despreparo do trabalhador para integrar o mercado emergente foram também alvo de preocupação em larga escala.

Porém, se nessas fases empregos de todos os tipos se entrelaçam em declínio, tornam-se obsoletos e simplesmente desaparecem, surgem novas vertentes de aplicação para o trabalho humano. É preciso educar, treinar, ou melhor, preparar os profissionais para atender às novas necessidades.

Analisando bem o cenário atual no campo do trabalho, podemos observar a emergência de uma diversidade de profissões às tecnologias e ao conhecimento. E se as empresas vêm exterminando algumas funções através dos tão famosos e temidos movimentos de downsizing, paralelamente revelam o crescente número de admissões de trabalhadores ligados à informação. Para alguns setores, a crise simplesmente não existe.

O que está acontecendo é uma reformulação dos lugares e do conhecimento essencial para atender ao mercado. É preciso descobrir aquilo que se faz de distinto, e criar um perfil de qualificações que ofereça inovação a um mercado que precisa muito de novos talentos.

Os empregos sempre vão existir e não estão reservados apenas aos setores emergentes da economia. Vale lembrar que, durante essas fases turbulentas, surgem as grandes oportunidades e emergem as maiores fortunas. Pode-se dizer que nesses momentos o mundo dá a tão famosa volta.

Em resumo, só nos restam duas alternativas: podemos culpar o mercado e a recessão pelas dificuldades às quais estamos enfrentando, ou fazer um bom esforço e investir na melhor alternativa para vencer a crise: a requalificação.

Luiz Scistowski é Psicólogo e gerente de transição de carreira na Thomas Case e autor do livro “Como Conquistar e Manter seu Emprego”

Últimas notícias